Livros Publicados em 2023 (em construção)
Parto com os Ventos, livro publicado em 2013, é agora recuperado, 10 anos depois, sob o mesmo título, numa edição revista e aumentada que inclui o pequeno livro Sem Luar (2015) e um novo lote de inéditos. Esta edição contém o prefácio Mão de Água Macia de Carlos Campos, assim como A gravidez das Palavras, prefácio de Carlos Eduardo Leal à 1ª edição.
«Revisitar Parto com os Ventos dez anos depois, mais do que matar saudades, é encontrar novidades. Desde logo, palavras que só agora notamos, porque o que os versos fazem sentir também depende do momento.
Extremamente sensorial, a poesia de Lília Tavares é uma constante invocação dos elementos - água, vento, terra -, da natureza viva - sobretudo as árvores e as aves, - e uma suave viagem pelas maravilhas do corpo - a pele, as mãos, o colo, os braços, a boca, a voz e o amor. Reler estes poemas é uma descoberta do que escapou nas primeiras leituras, ou que simplesmente esquecemos...»
Do prefácio de Carlos Campos
Aquele que não fechava os olhos, senhor taciturno e por todos odiado, era afinal um homem sobre quem tinha recaído uma maldição antiga.
Óscar Mendonça, tira-dentes de profissão, severo com os seus e de coração dado às artes, ouvira com sofrimento a causa da morte de seu pai, vitimado por um incêndio que consumiu o palacete onde vivia.
Aquilo que assombrava esta família, nos finais do século XIX, não era um fantasma comum, mas sim a presença vingativa de um animal mítico e intuitivo, elegante e impulsivo: o gato.
De geração em geração, enquanto não se via expugnado um crime antigo contra a misteriosa raça, a família Mendonça sofria estranhos incidentes que se fixavam no carácter de Óscar, mas este homem que vivia remoendo angústias inconfessas reconciliou-se, enfim, com a filha que mantinha presa num Hospício, e foi pelas mãos da jovem que a maldição ancestral se levantou da família.
Ele conseguiu finalmente fechar os olhos. A paixão pelas letras surgiu desde muito cedo. Inicialmente limitava-me a devorar os livros, desde a primeira até à última página.
Durante a escola, a escrita criativa fazia parte dos trabalhos de avaliação obrigatórios, tendo sido num desses trabalhos, que com a sugestão de uma professora de então, a vontade de escrever um livro nasceu. Muitos anos se passaram mas, o “bichinho” da escrita sempre permaneceu. Apesar de inactivo durante bastante tempo, ressurgiu anos mais tarde aquando da leitura de diversos livros de Desenvolvimento Pessoal.
O grande propósito deste livro será então, o de dar a conhecer ao leitor algumas formas de pensar que aliadas a algumas experiências de vida o poderão ajudar em momentos difíceis da sua existência.
Estes contos de Domingos Lobo percorrem os temas que são centrais na sua ficção: a Guerra Colonial, as suas perenes sequelas, o que do conflito ficou por dizer; o amor e os labirintos da morte; as grandes questões sociais do nosso tempo como o silêncio e a solidão, as feridas ocultas em consequência da pandemia da Covid-19; o HIV; a homofobia; a eutanásia; o real e o fantástico. 21 contos onde as mais destemperadas formas de existência quotidiana assentam arraiais.
A memória como elemento primordial da escrita, numa linguagem que balança entre o amargo provocador, a par do lirismo, da ternura, da raiva, da náusea, do desencanto e do alvoroço perante o estupor dos dias insanos. Também a denúncia dos medos que começam a instalar-se nas sociedades contemporâneas, os retrocessos civilizacionais que as derivas conservadoras e censórias, sob a capa do politicamente correcto vêm, sub-repticiamente, dominando, com cínica necessidade, os discursos do poder, aos quais nem já a literatura escapa.
Tudo isto em processo narrativo de invulgar qualidade, num modo singular de abordagem dos fenómenos hodiernos, raro na nossa actual literatura.
Só há três razões para cometer um crime: sexo, ambição e inveja.
Um homicídio. O que se admitiu como um caso isolado, deixou de o ser seis anos depois com o aparecimento de mais homicídios, pelo que o verde, em vários tons, das vinhas derramadas em socalcos até às margens do rio Douro, transformou-se num vermelho cor de sangue.
O pânico instalou-se na região e a sua economia ficou em perigo, com reflexo na do país, porque o turista, especialmente o estrangeiro, poderia, face ao perigo latente, rumar a outras paragens onde se sentisse em segurança
"As Vinhas de Sangue", um romance policial violento nas suas múltiplas particularidades, há críticas ao jornalismo, à religião, às relações laborais e a um poder político/partidário capaz de ferir a democracia.
A aproximar-se dos cinquenta anos, divorciado, sem filhos, bem-sucedido financeiramente, João Pedro Alvarenga esbarra no vazio. A vida profissional e social em Lisboa é agora um eco. À exceção do pequeno grupo de amigos e dos pais, nada o prende à cidade.
Ruma a Fraga da Noiva, uma aldeia situada no coração da Serra da Estrela, onde imerge nas vivências dos seus antepassados. Adapta a velha casa dos avós maternos a alojamento local, no celeiro instala boxes para cavalos e toma as rédeas outrora dirigidas pelo avô na exploração do souto e do cerejal.
Adota Romeu, um Serra da Estrela errante e, com o apoio de Mário e Rosa Maria, o casal que colabora na manutenção da quinta, põe em marcha o novo projeto. Naquele lugar, onde o tempo corre devagar como na infância, encontra-se!
Tudo corre sem sobressaltos, até ao dia em que Paula e Carolina chegam à Quinta da Fraga para passarem três dias. Aquele fim de semana abrirá a porta do passado que provocará uma inesperada reviravolta na sua vida.
Uma história de encontros e desencontros que o acaso se encarregará de arrumar no devido lugar.
Ler Madalena Ramos é quase entrar na casa de Eugénio de Andrade e caminhar de mãos dadas com este pensador. Também Miguel Torga chega aqui - quase em intertexto - com expressões do Diário XIV: a vida afetiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo. Dissecados muitos versos e alguns poemas, percebemos - de imediato - que as palavras são atrizes e que contracenam com o leitor de forma livre e arbitrária. As frases exibem um saber de experiências feito tal como afirma Garcia da Orta e dialogam com o leitor de forma límpida e especial tentando exortar. Convém ultimar dizendo, que até Cesário Verde deambula por este trabalho, mostrando ao leitor que a vida poetada e/ou narrada é o resultado da captação do real - a seu tempo feita - por uma máquina que - não sendo do tempo - é da memória viva, e traz até nós, um conjunto de ensaios sobre a felicidade.
do prefácio de Luisa Ramos
Neste livro de memórias, João Jorge relata experiências pessoais, na maior parte, vividas entre 1973 e 1976, durante a sua passagem pela Armada Portuguesa. À medida que ia escrevendo surgiam mais factos, alguns mais recentes. Também estão incluídos neste livro, relatos de amigos, alguns bastante dramáticos.
São as Marés de Sonhos que me trazem os poemas e a esperança.
São as Marés de Sonhos que me trazem os sorrisos e a motivação.
E é neste vazio negro e profundo dos sonhos e dos abismos, onde renasço a cada dia, que se acendem e pairam as luzes que iluminam o meu percurso criativo nas mais diferentes linguagens.
O sonho é a existência menos terrena de todas as existências.
Ainda viajo muitas vezes ao meu interior à procura de mim próprio, na esperança de me compreender por dentro, como um rio que corre ao contrário à procura da sua nascente. Não sei se algum dia conseguirei alcançar o objectivo, mas a viagem está a ser apaixonante.
Enquanto houver Marés de Sonhos, haverá sempre um Mar de Esperança.
Lugares exatos. Gente que viaja entre corpos. O estranho lugar do amor.
"Apenas Tudo", inquestionavelmente, é a voz intransponível de outras tantas mulheres que, afirmando-se, resistem teimosamente à centelha de conhecer todas as respostas.
Não podemos partir para este "Ser Gente" como se este belíssimo livro fosse mais um livrinho de versos ligeiros, líricos (mas o lirismo, e de boa cepa, também está lá, a tocar o erótico, logo a abrir o discurso poético; o amor compartilhado, sem traições nem ciúmes - um lirismo solto, de gente crescida), redondos e herméticos, carregados de metáforas a fazer o pino em palavras cansadas de habitar o vazio. A poesia de Ana Abel fala com acerto das questões pendulares do nosso tempo, dos homens e mulheres que habitam este nosso espaço comum: fala-nos, numa linguagem solar e carregada de signos geracionais, da Vida e dos seus declives, do amor e da morte, dos afectos e da solidariedade, da usura e das injustiças que nos magoam e revoltam. Um livro que olha com coragem, de modo dialéctico, para o nosso tempo, questionando-o e interpretando-o à luz dos valores humanistas que percorrem todo o corpo discursivo deste "Ser Gente".
do prefácio de Domingos Lobo
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«Duran Clemente também nos aparece neste livro como uma bela memória de um Sampaio Bruno em Os Cavaleiros do Amor uma certa aura de cavalaria nos traz à mente aquilo que foi necessário para formar o Homem, e não somente o agente da guerra, aquelas fontes iniciatórias que resgatam ao ser as componentes que firmam o grau de civilidade pela noção alargada de um cumprimento. Ele tem esta marca. É pronunciadamente o romeiro, mas também o cavaleiro, trovador, e, para quem o conhece, um certo epíteto lhe vai bem, Lancelot do Lago. Um lago de espelhos onde o seu garbo não é uma questão que se discuta, mas um louvor a prestar, uma sintonia entre o cavaleiro-poeta que se adentra pelo mundo onírico de certo ideal — que o tempo que nos veste agora, não sabe já desta transparência… e por isso, estamos desta antiga Humanidade, apartados. É de salientar o Poeta Hermafrodita uma prosódia comparada a uma exaltação de um ramo matriarcal, que mais que entoar, fecunda e gera, mas que não dita o que tal componente de alguma forma também desdita: poetizo/ poetisa? no entanto, é de extrema importância o efeito gerado por uma consciência que transfere o dom para além da acentuação do dilema. O entendimento mais perto da consciência poética acaba por se debruçar sempre nesta tónica e tende mais tarde a esquecê-la quando nada disso parece por fim ser importante. Que entre o fazer e o ser, há distâncias, e só se quebrará tal solidão quando se transformar o amor na coisa amada. Há ainda a dizer que a voz de um homem não se cala ao terminar o ciclo do seu esplendor, ela segue-o desmesurada por todos os territórios da vida, fazendo de todo o percurso uma viagem, onde em alguns, revisitamos ainda o tamanho imenso do que foi ter conseguido deixá-la melhorada. Devemos gratidão a estes homens.»
do Prefácio de Amélia Vieira
«Contos de cariz autobiográfico, escritos na primeira pessoa do singular e que poderiam muito bem ser na primeira pessoa do plural, pois são a história de uma geração oriunda da classe média que nascida em Lisboa, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, lutou mais tarde pela concretização do Estado Social que na Península Ibérica, ao contrário do resto da Europa, teve uma longa e dura batalha contra o fascismo.»
Do Prefácio do Dr. Jaime Teixeira Mendes
«Mastigando, desfiando e enredando as horas num ciclo vicioso, qual novelo de estopa impregnado ora de bílis, ora de mel, vivemos em completo torpor. Nós, simples mortais, não conseguimos encontrar a ponta do novelo capaz de nos libertar, sacudir os encostos, que é como quem diz — afastar os dias azarados. Dos outros dias, os felizes, desejamos eternizá-los, arrumadinhos, conservando o novelo em gaveta perfumada — como reserva de memória destinada a suavizar momentos cruéis que sempre chegam. Quando acontece, os movimentos da terra perdem intensidade e nós madornamos… tudo deixa de fazer sentido. Os relógios páram — por falta de corda, por solidariedade, como chuva em dia de tédio.
O espaço que pensámos ser nosso torna-se estranho, a existência, dolorosa. Adotamos o nada como companhia. Entramos em tempo letárgico.»
E esse, era o tempo que habitava Ana — depois da tragédia que a assolou.
O autor constrói nestes textos um leque soberbo de personagens populares, que têm andado arredios da nossa literatura actual: os bêbados, os sonhadores, os aventureiros, os nostálgicos, os fura-vidas, as mulheres que vão à luta porque os filhos pedem pão e não recuam, mesmo se violentadas pela Guarda; as mães solteiras que, estoicas, criam os filhos à custa de suor e lágrimas. Filhos que os pais se negaram a perfilhar. Figuras que lembram a paleta sociológica de mestre Aquilino Ribeiro de O Malhadinhas, de Andam Faunos pelos Bosques ou Terras do Demo, numa escrita muito descritiva, quase cinematográfica, que consegue transportar o leitor para o tempo e o ambiente da acção, que introduz o linguajar próprio das classes sociais que fazem o grosso activo, por onde o humor viaja, das vozes que percorrem o campo diegético destas narrativas.»
do Prefácio de Domingos Lobo
Tratando-se de um livro que aninha desânimo, estranheza, muito desencanto, acaba por oferecer um fiozinho de esperança que sempre espreita o raiar do sol em cada amanhecer, pois como escreveu Vinícius de Moraes, referido pelo autor em epígrafe do penúltimo capítulo, "Porque o samba é a tristeza que balança e a tristeza tem sempre uma esperança." O poeta é o homem de carne e osso e espírito delicado que pensa, sofre, cogita, desespera, ama, aguarda dias melhores em poesia, reinventa a ilusão através do poema. O poeta é um ser atormentado com o que não realiza de seus sonhos. E vai esculpindo versos que desenham os caminhos e/ou os descaminhos de suas andanças pelos lugares de geografias humanas, culturais e paisagísticas diversas.»
do prefácio de Regina Correia